enquanto não acabo o texto sobre a comunidade..

..que é uma continuação do primeiro texto bitter faster better back bone que por aqui tenho, vou avançando já com uma outra coisa - A AVALIAÇÃO.

o bitter faster etc e coiso e tal surgiu porque choquei com a noção de que aquilo que faço (ou que quero fazer) não é aquilo que vejo ser feito. mas o que ouço sobre o que não quero que seja feito (por mim, pelo menos!) tem uma sustentação tão familiar, tão próxima, que fico em dúvida sobre a capacidade de avaliar uma proposta de projecto, ou todo um projecto em si.

nota 1: quando falo em projecto, falo de uma ideia que se manifesta numa necessidade e que ganha corpo num processo que existe porque surge teatro (isto, porque o que faço é teatro, porque não sou bailarino, senão era dança, ou movimento, ou bailado, ou tra-la-la - se tiverem dúvidas, procurem o que diz a helena almeida sobre a pintura que ela, enquanto pintora, faz; eu não vou explicar - quanto muito, se quiserem , posso fazer copy paste de um texto que a sandra me enviou e que fixa, preto no branco, o que estou a dizer).
nota 2: não me interessa a abrangência dos nomes. as pessoas refugiam-se nisso sempre que não discutem o que está por trás deles. interessa-me a simplicidade das coisas que me fazem mexer. e os nomes são coisas simples. e o que está por trás também. só são duas realidades discordantes quando não há vontade de entendimento, mas de dicotomia. e eu quero é entender-me.

que eu faço teatro para amigos, ok, entendo, aceito até. que os meus amigos fazem teatro para mim é desenvolver a mesma ideia. que eu e os meus amigos façamos coisas que gostamos, também me parece ser silogístico. isto porque assumo que faço o que gosto. e eles também.

nota 3: sim, há prostitutos da arte, mas estes são-no porque concebem a possibilidade de o serem. e avisam-nos para que não fiquemos encantados. e nós vemos e concordamos que aquilo é prostituição. não do corpo, mas da sensibilidade criativa (sim, estou descaradamente a citar o nuno e as conversas que sempre tivemos sobre arte e teatro e essas coisas todas). e não os contagiamos (aos amigos), entendemos que tiveram que fazer aquilo (porque o corpo precisa de água quente para os banhos) e ficamos à espera das coisas que não são prostituição, mas sim arte (ou outra coisa qualquer, que qualquer um legitimirá da forma que melhor entender).

e aqui surge-me uma questão - e quando os nossos amigos fazem coisas que me parecem infelizes? quando me parece que a ideia que têm do que estão a fazer nada tem a ver com o que foi feito? quando tudo me parece FREAK!? quando não há sustentação possível, nem mesmo a amizade? será que eu também sou um FREAK!?

isto, e após descobrir na sandra, minha madrinha, a mesma dúvida (ou certeza), fez avançar o bitter faster better back bone como um projecto que tem no caminho mini projectos de avaliação. vamos introduzir notas no processo. há objectivos. há correcções. haverá possivelmente testes. e todas estas etapas são teatro (ver nota 1). e valem como tal. e o projecto é tudo isso. as etapas, as avaliações, o avançar. estamos a fazê-lo sem mestre, porque não vivemos numa sociedade renascentista. e isto não é wicca. por isso vamos fazê-lo com os amigos e esperar que eles sejam sinceros e duros. porque nós vamos ser.

e para verem como falo a sério, de seguida segue o sumário da aula n 1.
e tenho dito!

bitter faster better back bone
FREAK!

6 comentários:

Anónimo disse...

nota 1.

'Penso como um génio, escrevo como um autor distinto e falo como uma criança.' Vladimir Nabokov

Anónimo disse...

nota 2.

"Penso como um génio, escrevo como um homem de talento e falo como um atrasado mental".
Vladimir nabokov mas segundo tradução de António Lobo Antunes

Anónimo disse...

nota 3.

'Since light travels faster than sound, people appear bright until you hear them speak.'

Brian Willams

é 1 resguardo. mas parece-me bem pensar nestas 3 notas antes de 'falarmos'. é bem por isso que vamos achando que 'falar' no Selva com o teu pai é trabalho. e que urge registar o acto de pensar e de 'escrever' antes de falar.
parece-te bem?

hugo disse...

parece.
a fixação traz coisas que nós não temos.

há quanto tempo não preenches cadernos com coisas?

Anónimo disse...

eu que nem sou nada de citações vou responder à tua questão com mais 1 citação. desta vez do lovely David Perlov.

"A friend once told me 'an artist must sometimes turn into a plant, vegetate'. How long is this 'sometimes' ?"

hugo disse...

pois que me calaste!