sobre o tum

cheguei agora a casa depois de ir ver o espectáculo do tUM e decidi reler uma carta escrita há muito tempo à ainda direcção do tUM.


reli também o que começou por ser um post, mas que não tive tempo de acabar, fruto de uma série de mensagens trocadas entre várias pessoas que decidiram ir ver o espectáculo hoje.

acho importante dizer isto antes..
antes de mais, quero que saibam que estou a fazer um esforço enorme para não ridicularizar este assunto! e que assumo que todos sabem as minhas querelas com o teatro universitário do minho depois que nos abandonámos..
logo vou ver o espectáculo do teatro universitário do minho. aliás, vou ver aparentemente o imaginário lírico do joão negreiros. percebi que enquanto pessoa, este espectáculo é para mim. (não estou a ser irónico, estou apenas a citar o blog do tum). e dei por mim a pensar 2 coisas:
1. nunca vi | ouvi | li nada do senhor joão negreiros, a não ser um cd que o zé luís adorava, uns vídeos no youtube, uns extractos de poemas nos autocarros e umas entrevistas no correio do minho.
2. nunca vi nada do teatro universitário do minho desde que saí dos órgãos da associação.
e dei por mim a pensar em coisas. dei por mim a pensar no que deve ser um teatro universitário, conversa que ainda há pouco tive por ter ido ver a peça alan, do teatro universitário do porto (parece que as questões de que o teatro universitário não é uma companhia, não tem elencos, etc.., não eram só minhas).

não tive tempo de terminar e fiquei sem vontade de o fazer. ia ficar por aqui. mas estive na brasileira até há pouco, onde conheci o paulo pires, um estudante do seminário de braga, que pagou 2.50 euro para ir ver 'o jornalista da vossa beleza' e se não por mim, pelo menos por ele quero dizer o seguinte:

1. acho triste a minha carta ao tUM ainda fazer sentido
2. que MERDA é aquela? gostava que alguém me explicasse porque é que aquilo é um espectáculo, porque eu ainda não percebi. como é que aquilo que eu vi pode ser considerado um 'sucesso', adjectivado de visceral, palpável, alegre, soturno, épico, intimista, hilariante e dramático?
3. onde estava ALGUÉM para apoiar 4 pessoas que sobem a um palco completamente indefesas, sem noção nenhuma do que estão a fazer, completamente errados, sem nenhum tipo de rede ou preparação, sem trabalho de corpo, de voz, de palco. 4 amadores. a arriscar um 'espectáculo' sem direcção ou orientação.
4. para os 'intérpretes' (não referidos em lado algum no blog do tum, note-se! - por isso refiro aqui os seus nomes: agostinho silva, andreia dantas, eduarda freitas e vítor arezes) - acredito que acreditem muito no que fazem. mas e se estiverem errados? já pensaram nisso? e se o que vocês fizeram foi mesmo muito mau? de quem é a responsabilidade? do joão negreiros, que funciona muito bem como piñata, não é! vamos ser justos. ele SÓ os formou. dele neste espectáculo, só se utilizam mesmo os textos (pelo menos, na ficha técnica, o nome dele está omisso). talvez da 'assistência', mas se há assistência tem que haver mais qualquer coisa. será que a dina costa e o eduardo machado foram assistentes de interpretação? o que é ser assistente de interpretação?

e não consigo dizer mais nada. apenas que fiquei irritado. muito irritado. e desafio qualquer um a dizer-me que aquilo não é uma perda de tempo.
é que há bons espectáculos. e maus espectáculos. e depois há aquilo. para quem tinha dúvidas, o TEATRO UNIVERSITÁRIO DO MINHO morreu. e agora faz, como disse o paulo pires, stand-up comedy, mas sem o comedy.

7 comentários:

Ana Catarina Miranda disse...

"Aquilo" não é uma perda de tempo.

Ana Catarina Miranda

hugo disse...

cara ana catarina,

obviamente discordo. custa-me pensar no esforço e na dedicação das pessoas associadas a este espectáculo (porque sempre foi esse o contexto no tUM), para um resultado que no mínimo pode ser considerado medíocre.

Ana Catarina Miranda disse...

Hugo,
obviamente tens direito à tua opinião (posso tratar-te por tu?), embora eu pense que não haja motivos para chamar ao trabalho que o TUM tem vindo a desenvolver de "medíocre".
Falas bem quando falas do esforço e dedicação das pessoas associadas a este espectáculo porque é verdade, mas, pelo que li, também creio que isso foi algo que nunca teve em causa. E também penso que um trabalho realizado por pessoas esforçadas e empenhadas no mínimo não é medíocre.

hugo disse...

cara ana catarina,
quero esclarecer que nunca afirmei considerar o trabalho que o tUM tem vindo a desenvolver medíocre porque não acompanho o trabalho do tUM há algum tempo (terei obviamente as minhas considerações sobre o assunto, algumas delas já publicadas neste blog, mas não as pretendo misturar neste discurso).
o medíocre aplica-se apenas e exclusivamente a um suposto espectáculo - o jornalista da vossa beleza. que sim, é medíocre. e isso é tão mais injusto, quanto mais esforço e dedicação houve. e atenção! - é injusto para todos: para os intérpretes (por quem me senti mal várias vezes durante o espectáculo, num misto de compaixão e escárnio), para os 'assistentes' (que calculo serem responsáveis pela 'cena' e pela 'luz' e pela ridícula máquina de fumos), para o público pagante (pois há muito a dizer sobre o facto de se cobrar um bilhete) e para o público ligado à associação tUM (que tem noção do que já foi feito nas últimas décadas pela associação e, que eu tenha conhecimento, nunca nada foi tão mau).
espero que este binómio (mediocridade - esforço)seja claro para todos. um, infelizmente, não anula o outro.
numa situação limite, poderia até ser apenas uma questão de contexto. se o que vi se enquadrasse na primeira sessão do curso de sensibilização às técnicas teatrais que o tUM desenvolve, aquela em que se faz uma espécie de casting e se tenta captar a primeira impressão das pessoas porque se sabe o quão importante é este primeiro contacto - se fosse nessa situação informal e tensa, o esforço seria soberano e nunca se colocaria sequer a questão da maior ou menor mediocridade.
mas, ana catarina, não era. e, repito, isto tem que ser claro para todos, senão o resultado será sempre mais pobre e as pessoas ficarão cada vez mais iludidas, dentro e fora do tUM, e com isso ninguém sai a ganhar.
vou ser redundante: todos queremos que os frutos do nosso esforço sejam doces e maduros e sumarentos. ou seja, todos nós queremos resultados. é que dedicação e empenho só, não chegam. é como o talento, dizem. não chegas a lado nenhum sem ele, mas ele não te leva a lado nenhum. nesta linha de pensamento, os frutos estavam lá, mas muito pouco comestíveis.
sim, ana catarina, posso ser tratado por tu. mas em troca, quero saber porque é que não foi uma perda de tempo.

Rita Vieira disse...

Caro Hugo,
Peço desculpa pela invasão, mas quem anda por estas lides das redes sociais certamente estará habituado.
Desde há vários anos que tenho vindo a seguir o trabalho que o TUM tem desenvolvido, tendo já assistido a vários espectáculos levados a cabo por diferentes encenadores. Relativamente, a este último espectáculo – “O jornalista da vossa beleza” – já tive o prazer de o ver no auditório do TUM e, também, na fnac de Guimarães. E ao ver este lamentável post fiquei um pouco inquieta porque, independentemente, de opiniões, gostos, ideologias, etc de cada um custa-me imenso ver o Sr. a apelidar este magnífico espectáculo de “medíocre”. Estes actores amadores que se dedicam ao projecto de forma profissional são de uma genuinidade e versatilidade incríveis, para não falar do grande empenho, arrojo e despojamento que empregam a cada momento. “O jornalista da vossa beleza” é um dos melhores espectáculos que já assisti no TUM, não descurando todos os outros. Aconselho vivamente a irem ver o espectáculo porque não é definitivamente uma perca de tempo! “Visceral, palpável, alegre, soturno, épico, intimista, hilariante e dramático” são mesmo as reais características do espectáculo!
Para terminar gostaria de lhe dizer para rectificar as suas palavras, porque é deverás triste e medíocre (agora sim) ver pessoas, como é o seu caso, a tentarem difamar e boicotar um excelente trabalho, cujo propósito é chegar às pessoas, sem qualquer tipo de elitismo envolvido, o que por si só é de louvar!
Peço desculpa pela minha rudeza mas tive de defender e respeitar o que senti ao ouvir aquelas quatro pessoas a declamarem aqueles poemas magníficos.

Cumprimentos,
Rita Vieira

hugo disse...

cara rita,
a minha resposta alongou-se de tal forma que passou a ser publicação. espero que considere a sua leitura.

Anónimo disse...

só vi ontem o post.
estou a ver hoje os comentários.

caramba.
este espectáculo do tum (?) é o pior espectáculo que vi desde sempre. e nunca no bom sentido da coisa. porque o pior espectáculo do mundo podia ter algum interesse. mas não. este é mesmo só deprimente.

estou incrédula com a falta de insight desta gente.
e agora sim. fico com medo.
disto. e da esquerda fascista.

estou farta desta palhaçada.
e vou acabar com esta palhaçada.
não me chame eu sandra cristina diogo andrade.