carta ao tUM

nota prévia: esta carta não tem como finalidade o meu blog. esta carta refere-se a outra carta que pode ser vista AQUI


resposta aberta à actual direcção do tUM, da qual apenas conheço a menina dina costa, presidente do tUM (1), ‘em jeitos de’ adenda a uma carta aberta de autoria de sandra andrade

cara direcção,
antes de mais, lamento esta carta parecer demasiado fixada numa entrevista dada pela presidente no jornal académico (2), mas não tive conhecimento de nenhuma outra opinião por parte dos órgãos da direcção de 2008, pelo que me sinto no direito de considerar que o que ali foi dito representa a posição dos actuais órgãos directivos.

apresento-me: hugo loureiro, sócio do tUM desde 2004 e presidente da direcção do tUM em 2005. por várias razões pessoais (3) não tenho uma participação activa no tUM, das quais destaco quatro:
- a minha vida profissional não permite conciliar trabalho e as actividades do tUM – sim, menina dina, não sei fazer gestão do meu tempo, por isso ainda não consegui que fosse conciliável. e não me parece nada estranho. estranho é isso parecer estranho.
- não sinto qualquer vontade de trabalhar com o senhor joão negreiros (3). e sei, apesar de nem ser uma pessoa muito informada, que desde 2006 nada se fez no tUM que não tenha sido dirigido pela batuta do senhor joão negreiros. assim sendo, parece-me no mínimo coerente não participar nos projectos do encenador/dramaturgo.
- não sinto muita vontade (ou devo chamar-lhe iniciativa?) de ver os espectáculos que agora são feitos pelo tUM (3). com a idade, sinto cada vez mais necessidade de ser selectivo nos espectáculos que vejo (sendo brejeiro, já não há pachorra para tudo o que se faz) e, como referido no ponto anterior, ver actualmente um espectáculo do tUM é ver um espectáculo do senhor joão negreiros. e, como não sinto muita vontade de trabalhar com o senhor em questão, também não sinto muita vontade de ver o trabalho dirigido por ele.
- há uns anos recebi no meu mail uma ficha de actualização de dados de sócio. preenchi a referida ficha e deixei a nota com o presidente em funções de que preferia receber informação via mail. após 2 mails (tive que abrir a minha conta gmail para confirmar quantos eram), deixei de receber qualquer informação sobre as actividades do tUM. cheguei inclusive a não saber se o tUM ainda existia, ou se se tinha extinto e as pessoas ‘sobreviventes’ tinham criado uma companhia própria, ou nem uma coisa nem outra. (4)

expostas as razões do meu envolvimento escasso, venho colocar algumas questões que me suscitaram curiosidade na entrevista em causa.
dúvida n 1 – desde quando se pagam quotas no tUM? qual o valor? é que dos 15/16 anos de actividade de que tenho conhecimento, nunca ouvi falar disso e não gostei de parecer caloteiro perante 2000 leitores (assumo 1 leitor por cada jornal impresso; do jornal que me chegou em mãos, conto já 8 leitores, o que pode elevar este número para 16000. ou mais!)
dúvida n 2 – a actual direcção acredita mesmo que é a única a ter que lidar com fracos e frágeis recursos físicos? é quase tradição na história do tUM ter infiltrações, buracos no palco, janelas partidas, etc.., pequenas destruições inevitáveis, fruto da incapacidade de todas as direcções (parece que também da actual) de ter verba e capacidade para fazer reformas profundas e sérias, que permitam a uma futura direcção poder usufruir do seu auditório num ambiente saudável.
dúvida n 3 – o que é um palco digno?
dúvida n 4 – gostava que me dissessem especificamente o que a direcção da qual fiz parte destruiu. gostava de perceber se fez sentido investir recursos humanos e materiais em fazer um inventário do património do tUM (existe algum?), manutenção do equipamento técnico (e recuperação de algum), formação especializada na utilização do equipamento (alguém neste momento tem?), revitalização dos espaços do tUM (ainda utilizam o complexo pedagógico da rua do castelo?), etc..
dúvida n 5 – têm falta de recursos humanos? isso não é propriamente novidade em 19/20 anos de tUM, mas no ano no qual presidi a direcção, acabámos o nosso ano de actividade sendo 2 pessoas a trabalhar activamente. quantas são neste momento? nunca tivemos 5 pessoas a fazer produção, o que me parece inclusive um exagero. o que é para vocês produção? não sofrerá esta direcção acima de tudo de uma má gestão de recursos?
dúvida n 6 – se o material é devolvido em mau estado, porque não são activados mecanismos de garantir a recuperação do material pelos responsáveis da degradação dos mesmos?
dúvida n 7 – quando referem que os últimos espectáculos estão cheios, referem-se a que espectáculos?
dúvida n 8 – acham (inocentemente!) que tivemos dinheiro para fazer coisas? pelo que pude perceber, recebem verbas das mesmas entidades que tinham anteriormente permitido ao tUM ter qualquer tipo de actividades. se há pouca verba, que tal fazer menos coisas e canalizar verba para recuperar o património destruído (uma sugestão também inocente, uma vez que não tenho noção da quantidade de actividades que o tUM tem neste momento a decorrer)?
dúvida n 9 – acha sinceramente que até há 4 anos as pessoas não faziam tudo?
dúvida n 10 – o que é isso de núcleo de elenco? é que não consegui perceber se era uma base de dados de pessoas com quem trabalham ou com quem se identificam ou que gostam do trabalho do encenador/dramaturgo/director artístico/cenógrafo/formador/escritor/dizeur de poesia/sonoplasta joão negreiros.
dúvida n 11 – a questão anterior suscita outra questão – como reagem os sócios em assembleia quando se sugere o nome do senhor joão negreiros para preencher tantos papéis no plano de actividades proposto para avaliação?
dúvida n 12 - a 7 de Outubro (data de publicação da reportagem) havia já um plano de actividades para 2009. isso foi aprovado por quem, em que assembleia, quando? não é suposto o plano de actividades ser apresentado pela recém-eleita direcção, no início do ano civil, após apresentação para votação do mesmo pelo quórum presente em assembleia? ou terá havido alterações nos estatutos e no calendário de funcionamento? todos os sócios com quem tenho falado desconhecem estas alterações, pelo que assumo que elas não foram introduzidas.
dúvida n 13 – o tUM é uma companhia?
dúvida n 14 – as actividades do tUM são promovidas pelo tUM ou pelo senhor joão negreiros?

tenho ainda mais algumas questões, mas deixá-las-ei para serem colocadas directamente com a direcção cessante na apresentação do seu relatório de actividades ou em reunião convocada para o efeito. julgo haver afirmações graves, que devem ser esclarecidas perante os sócios que se sintam afectados (caso ainda não tenha sido claro, sou um deles!).

cumprimentos desagradados

hugo loureiro

nota: o negrito neste documento não é uma opção estética. tem a finalidade prática de identificar citações da reportagem. a ausência de maiúsculas é uma opção estética. não tem finalidade prática. esta carta é uma adenda à carta de sandra andrade pois subscrevo na íntegra o que me chegou em mãos antes de ser enviado à actual direcção do tUM na pessoa da menina dina.

(1) em realidade não conheço, o que ainda não sei se é grave. presumo, por falta de informação, que seja a presidente da direcção, isto assumindo que o tUM ainda mantém os órgãos de direcção conforme os estatutos da associação.
(2) apercebi-me desta possível fixação na releitura do texto, porque gosto de reler as coisas que digo quando elas vão parar a mãos alheias, de forma a garantir que tudo o que digo não corre o risco de ser entendido como falacioso.
(3) gostava que reparassem na natureza dos meus motivos – são pessoais!

(4) entre a data de escrita desta carta e a data da sua publicação neste blog, este ponto sofreu alterações. já recebi 2 mails, no prazo de 5 meses. gosto de pensar que apenas houve 2 comunicados aos sócios nesse período.

1 comentário:

Anónimo disse...

e vão duas