roma bracarense

já há muito que não usava este suporte para dar retorno a projetos que vou vendo. depois da quase confusão com o tum e da perceção que o sentido crítico do outro é de dificil aceitação, deixou de fazer sentido. mas desta vez é diferente. desta vez, pediram.me. desta vez, o crítico é bom. o calado é mau. 'bora lá atão!

em contexto de braga romana, a cidade (esse organismo multicelular) como que epileticamente sacode o pó do 'não se faz nada' para o estado de 'não há espaço sem nada'. não tenho noção nenhuma do que se fez (à exceção da restauração, onde bebi a melhor sangria de que me recordo). não por falta de informação, mas porque multidões e confusão joanina me deixam desconfortável. e sexta não foi exceção. desconfortavelmente me coloquei no epicentro da roma minhota e lá encontrei colegas e amigos e desconhecidos da backstage. o programa incluia, já hábito, um projeto deles, fruto de vontade de mostrar o que desenvolvem e de confiança da organização na qualidade e adequação da proposta.
e adequação aqui é um termo fulcral. é no 'tão ou mais adequado' do espetáculo que ele ganha pontos. muitos. noutro local e noutro contexto, teria muitos problemas. a começar pelo esquema de cena, demasiado aberto, demasiado exposto. histórias míticas de amores impossíveis e eternos, contados na crueza de um palco demasiado aberto, demasiado nu. mas, uma arena adequadamente liberta. a opção de texto lido, de legenda sonora sincronizada com as imagens de movimento de corpos, que criam excesso de informação. mas, permite um acesso adequadamente imediato à descodificação do espetáculo, sobretudo pelos errantes. este acesso imediato também é garantido pela roupa escolhida. leituras instantâneas que imediatamente permitem saber que A é a morte, B o narrador e C o par que vai morrer. fácil, mas adequado. a excessiva concordância dos elementos (música, tom de leitura, coreografias, figurinos), tudo concorrendo para um lirismo enjoativo por excessivo. mas, uma convergência adequadamente assertiva tendo em conta os excessivos ruídos da circunstância. eu senti vontade de ver elementos disruptivos, desadequados, um toque de subversidade na proposta. eles adequada e inteligentemente foram fiéis a um tom etéreo, intemporal, que nos faz lembrar os tempos primordiais e indefinidos dos contos infantis a.S.(*). mas neste dilema do que foi e do que poderia ser, lembrei.me que esta é uma proposta com um propósito concreto, definido, fechado. uma proposta em que é positivo ser exposto, imediato, fácil. de outra forma, não terá enquadramento. por isso, HURRAY para eles. e para os laivos de identidade que surjem (pela fundamentação do texto escolhido, pelas coreografias como resultado de trabalho continuado, pela seriedade e rigor de quem quer essas marcas associadas a si). um hurray pequeno mas muito sentido para os meus andré e catarina, de quem fiquei muito orgulhoso.

(*) antes do Shrek

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