não tens que concordar comigo.. sempre

detesto jantares íntimos com amigos, onde as conversas ficam fluídas, profundas, sérias. jantares onde o vinho liberta a mente e tudo parece ficar mais claro. e, não fosse a memória reter sempre pouco, seriam jantares plenos de epifanias.
detesto estes jantares, dizia, sobretudo por serem jantares que correm bem. é nesses jantares que o corpo e o coração ficam gratos por teres amigos de qualidade, que a cabeça fica orgulhosa de reconhecer um discurso ímpar entre pares, que as pernas ficam gratas por teres escolhido um cenário confortável.
sim, parece que nada há a detestar. mas há. detesto quando me dizem, de forma crua, qual o meu erro. aliás, qual o meu Erro, de letra capital, com o seu valor e pendor absoluto.
tu não tens que concordar comigo, sempre
sim, eu sei, mas.. e chove um enxurrilho de razões pelas quais eu quero que aquilo não seja verdade, sendo que já perdi - a minha garganta tem a segurança de quem está segura pelo aperto da mandíbula do outro, pelo olhar que me ataca de forma direta e me diz, sem som, que nem nisto devemos concordar necessariamente.

há compromissos que percebo não estar disposto a criar.
mas tenho que os fazer. até porque quero ter a certeza quando concordo com as coisas. não quero ser vítima da concordância absoluta que nos vai toldando a argumentação..


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