sinto.me cansado. sinto.me sempre assim agora. e não é por falta de horas de sono, até porque durmo muito mais do que dormia nos meus 20 anos. durmo mais E sinto.me cansado.
mas vamos começar isto da forma certa. como se estivesse a apresentar.me a alguém num chat e tivesse que dar em meia dúzia de linhas o meu perfil de forma a que do lado de lá possam ter a certeza que tipo de pessoa sou.
chamo.me rafael, sou de uma terra pequena perto de abrantes e vivo há alguns anos em lisboa. sou gay, versátil (acabei de sorrir, acho que ser gay e ser versátil é a mesma coisa, que no calor da coisa ninguém pensa se é gajo ou gaja), tenho 31 anos e trabalho na bilheteira do king. gosto do que faço. tenho que ser simpático com as pessoas que vão ao cinema porque querem ver filmes, que vêm muito espaçadamente, o que me permite ler e ler e aborrecer.me e ligar.me à net no meu portátil e falar com os meus amigos no messenger (ou com estranhos que vou encontrando em páginas de perfis). a minha vida é simples e rotineira. não tenho ninguém. vivo com mais 3 pessoas, mas quase nunca as vejo. trabalham na noite. eu trabalho no dia. eles dormem quando trabalho. eu durmo quando eles vivem. moro a 2 estações de metro do trabalho, por cima de um café e de um daqueles bares de porta fechada abertos até tarde e cheios de funcionárias (quando lá entro para comprar cigarros ou beber uma imperial, há sempre 3 ou 4 funcionárias por cliente..), ao lado de um supermercado e em frente a uma churrasqueira. quase não me mexo para fazer seja o que for, o que na capital é de louvar. o percurso maior que faço em lisboa é até à baixa (10 mins no máximo), para ir comprar livros.
não tenho muitos amigos. não tenho vida para eles. não recebo suficiente para as noites do bairro e não sou um bom ‘entertainer’ em casa. e, como disse, durmo muito agora, o que me deixa pouco tempo para estar com os outros.
quanto a amores, não há ninguém há muito tempo. aliás, há mais ou menos um rapaz há uns meses, mas não sei quem é e nem sei se ele sabe que existo. vejo.o todos os dias no metro, deve morar aqui perto e como eu, tem um quotidiano diurno, pois vai para o trabalho e regressa a casa à mesma hora que eu. é lindo. sonhei muitas vezes com ele, e imagino que o que não vejo é mais lindo ainda. e imagino que também ele dorme muito e está cansado. e gostava muito de estar cansado com ele e passar as horas que passo a dormir com ele. chamo.o ‘menino de todos os dias’.
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